terça-feira, 20 de julho de 2010

Jacqueline Vieira - A Prioridade da Educação Ambiental

É muito boa a notícia de que o Plano Estratégico da Bacia do Tocantins-Araguaia começou a sair do papel. A instalação do colegiado gestor da iniciativa, tendo Goiás na Secretaria-Executiva, destaca a influência política e o interesse do Estado na matéria. Os investimentos anunciados de R$ 3,8 bilhões em 15 anos podem mudar o perfil de uma região de baixos indicadores sociais. Obras são necessárias e bem-vindas, mas para ser um plano realmente estratégico deve comportar abrangente política de educação ambiental.
Na Cúpula das Nações Unidas para as Mudanças Climáticas - que ocorreu em Copenhagen, em Dezembr0-2009, defeniram-se metas de emissões de carbono para o pós-Protocolo de Kyoto - sendo bastante discutidas as medidas de adapatação que os países terão de tomar em decorrência do aquecimento global. Uma grande infaestrutura precisa ser desenvolvida de acordo com as peculiaridades de cada país. O que é comum a todas as nações é a necessidade de se educar para conviver com as mudanças do clima que, como já se percebe, chegaram com muita intensidade.
A educação ambiental deixou de ser uma atividade auxiliar dentro das políticas para o setor e assumiu função protagonista. É exatamente em decorrência da maneira grosseira e predatória com que o homem vem tratando os recursos naturais, desde a Revolução Industrial, que se acelera a deterioração do clima. Novas posturas de comportamento precisam ser ensinadas para que sejam promovidas mudanças nas regras de sobrevivência. Fala-se muito em preservação ambiental para as chamadas futuras gerações, o que é positivo. Agora é imperiosa a tarefa de preparar, pela via da educação, as gerações atuais para a consciência de conservação.
A região Hidrográfica do Tocantins-Araguaia guarda a segunda maior reserva de água superficial do Brasil. É um patrimônio valioso e de enorme função estratégica se for considerado que as mudanças climátics devem afetar os ecossistemas envolvidos de forma comprometedora. Temos de nos educar para práticas responsáveis, do contrário essa imensa reserva de futuro guardada na riqueza dos recursos hídricos pode ir por água abaixo. Nesse sentido, a educação ambiental deixa de ser uma alternativa para adquirir status de direito inerente à cidadania.
O Plano Estratégico da Bacia do Tocantins-Araguaia tem uma orientação acertada quando planeja destinara maior parte dos investimentos previstos ao setor de saneamento. A região possui uma taxa baixíssima, 7,8 %, de coleta de esgoto e apenas 2,4% dos efluentes colhidos são tratados. Outra questão grave é a deposição de resíduos sólidos. A maioria dos municípios da Bacia Tocantins-Araguaia faz uso de lixões a céu aberto para acomodar os rejeitos urbanos. Problemas que certamente concorrem para que uma população estimada em oito milhões de brasileiros tenha um índice de Desenvolvimento Humano abaixo da média nacional.
População que tem na disponibilidade hídrica a sua principal fonte de desenvolvimento. A Bacia Tocantins-Araguaia está compreendida na zona de expansão da fronteira agropecuária, embora parte considerável, quase um milhão de quilômetros quadrados, seja de áreas preservadas. A ocupação desse território precisa ser orientada para se dar a partir de práticas sustentáveis, cuja efetivação depende de uma mudança incisiva de mentalidade. Alteração de comportamento que se realiza pela via da educação ambiental.

Jacqueline Vieira
(Artigo exibido no Diário da Manhã)

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